Um Tema que Divide Corações
O dízimo é um dos temas mais debatidos entre cristãos. Para alguns, ele é uma ordem clara das Escrituras — algo imutável e eterno. Para outros, é uma prática da Lei Antiga, superada pela liberdade trazida por Cristo.
E quando o assunto surge em conversas, cultos, estudos bíblicos ou até debates online, as opiniões são fortes, emocionais e frequentemente radicais.
Mas há uma passagem que costuma estar no centro dessa discussão:
“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.” (Malaquias 3:8)
Este versículo, embora antigo, ainda ecoa nos corredores da Igreja atual. Ele não apenas confronta o coração do povo de Deus, mas também nos convida a refletir sobre como lidamos com os recursos que recebemos .
Neste artigo, vamos mergulhar fundo na passagem de Malaquias capítulo 3 , explorando seu contexto histórico, suas implicações espirituais e como ela se aplica ao cristão sob a Nova Aliança.
Se você deseja entender de forma equilibrada se o dízimo é obrigação ou gratidão, continue lendo. Este conteúdo foi feito para você.
1. Contexto Histórico: Quando Deus Falou ao Seu Povo Relapso
Para compreender realmente o que disse Deus em Malaquias 3, precisamos voltar no tempo.
O livro de Malaquias é o último livro do Antigo Testamento . Foi escrito por volta de 430 a.C. , após o retorno do cativeiro babilônico.
Os israelitas haviam sido libertados, reconstruíram o templo, mas havia um vazio espiritual profundo . Os sacerdotes ofereciam sacrifícios contaminados. As pessoas estavam desiludidas. E muitos haviam deixado de honrar a Deus com seus dízimos.
Foi nesse cenário de frieza espiritual que Deus falou diretamente ao Seu povo. E Sua mensagem foi contundente:
“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja alimento na minha casa; e provai-me agora por isto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a abundância.” (Malaquias 3:10)
Deus estava pedindo algo mais do que fidelidade financeira — Ele estava buscando confiança renovada .
E assim, o dízimo aparece como um teste de fé , um convite para ver a fidelidade divina em ação.
2. O Dízimo no Antigo Testamento: Era uma Lei ou um Pacto?
No Antigo Testamento, o dízimo era parte integrante do sistema religioso e social de Israel. Ele servia para:
- Sustentar os levitas (que não tinham herança terrena);
- Apoiar os sacerdotes e o serviço religioso;
- Socorrer estrangeiros, órfãos e viúvas.
“Ao Levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem.” (Deuteronômio 14:29)
O dízimo era, antes de tudo, um lembrete constante de que tudo vem de Deus . Ao entregar a décima parte, o povo reconhecia que Deus era o ordenador de cada colheita, cada rebanho e cada bênção .
Por isso, quando o povo deixou de dar, não foi somente uma violação legal — foi uma perda de conexão com o provedor das bênçãos.
“Em que me roubaste?”
“Nos dízimos e nas ofertas.”
(Malaquias 3:8)
Assim, o dízimo era tanto uma expressão de obediência quanto de gratidão .
3. E No Novo Testamento? O Dízimo Ainda Vale?
Uma das maiores dúvidas entre cristãos é esta: se Jesus morreu e ressuscitou, e vivemos sob a Nova Aliança, o dízimo ainda se aplica?
A resposta bíblica é não exatamente como antes .
Jesus menciona o dízimo, mas faz uma observação importante:
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pois pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas deviam ser praticadas, sem omitir aquelas.” (Mateus 23:23)
Jesus não invalida o dízimo . Mas alerta contra reduzi-lo a um mero ritual, esquecendo-se do amor ao próximo e ao próprio Deus.
Já no Novo Testamento, Paulo dá ênfase à generosidade voluntária:
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por necessidade, porque Deus ama a quem dá com alegria.” (2 Coríntios 9:7)
Portanto, no Novo Testamento, o foco muda : não é mais sobre cumprir uma lei, mas viver uma atitude espiritual de gratidão e comunhão .
4. O Dízimo Como Atitude Espiritual, Não Como Carga Legal
Agora vamos ao cerne da questão central: o dízimo deve ser visto como obrigação ou como atitude espiritual?
Vamos analisar ambos os lados:
❌ Se For Visto Como Obrigação…
- Torna-se uma carga pesada, mecânica
- Gera culpa constante
- Foca em dar para receber, não em louvar para abençoar
- Reduz a relação com Deus a uma troca comercial
✅ Se For Vivido Como Gratidão…
- Nasce de um coração grato
- Liberta o crente da avareza e do materialismo
- Fortalece o corpo de Cristo e seu ministério
- Reflete confiança na provisão divina
Portanto, o dízimo, quando dado com alegria e intencionalidade, torna-se adoração prática .
Como escreveu Paulo:
“E o meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas em glória em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:19)
O dízimo, então, não deve ser uma obrigação legalista , mas uma escolha consciente de gratidão e fé .
5. “Roubar a Deus” Hoje: Ainda É Possível?
Voltemos a Malaquias 3:8:
“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.”
Hoje, vivemos sob a graça e não sob a Lei. Então, essa acusação ainda se aplica?
Sim, mas de forma diferente.
Roubar a Deus hoje pode se manifestar de várias formas:
- Usar recursos egoisticamente, sem pensar no Reino
- Esconder prosperidade enquanto outros passam necessidade
- Priorizar consumo pessoal antes da obra de Deus
- Negligenciar o cuidado com os que servem no altar
Ou seja, o espírito de Malaquias 3 ainda fala conosco . Deus quer que nosusamos o que temos para glorificá-Lo .
Dar é uma forma de adoração. E quando paramos de dar, paramos de confiar .
6. O Desafio de Provar a Deus
Um dos versículos mais surpreendentes da Bíblia está em Malaquias 3:10:
“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja alimento na minha casa; e provai-me agora por isto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a abundância.”
Esta é uma das poucas passagens onde Deus permite que o homem o prove .
Normalmente, somos nós que duvidamos Dele. Aqui, é o próprio Senhor que diz: “Teste Minha fidelidade.”
Isso mostra que Deus quer que confiemos Nele com nossas finanças , pois Ele é o dono de tudo.
Então, se você sente que há falta de recursos em sua vida, talvez seja hora de fazer o teste: comece a dar com fé, sabendo que Deus é maior que qualquer crise .
Não por obrigação. Não por pressão. Mas por confiança no provedor fiel .
7. Dízimo e Liberdade em Cristo
Alguns cristãos evitam o dízimo por medo de voltar à Lei. Outros insistem nele com rigidez.
Mas a verdade está no meio-termo: liberdade com responsabilidade .
“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.” (1 Coríntios 10:23)
Você é livre para decidir quanto dar. Livre para dar com alegria. Livre para testemunhar da generosidade de Deus.
Mas também é responsável por como usa o que Deus lhe confiou .
Dízimo, oferta, serviço, tempo, talentos — tudo pertence a Deus .
E quando damos, estamos simplesmente devolvendo o que já é d’Ele .
Conclusão – Dízimo: Uma Questão de Coração
No fim, o dízimo não é sobre dinheiro . É sobre coração .
É sobre reconhecer que tudo vem de Deus.
É sobre confiar que Ele é o provedor supremo.
É sobre investir na eternidade, não só no presente.
Malaquias 3 nos confronta com uma verdade inquestionável: Deus quer nosso coração, inclusive no bolso .
Portanto, que tipo de coração você tem demonstrado através de suas finanças?
Que o Senhor nos ajude a sermos generosos, gratos e fiéis , sabendo que Ele é o verdadeiro dono de tudo .
E como disse Jesus:
“Há mais felicidade em dar do que em receber.” (Atos 20:35)
Fique com Deus!
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